Oppidum pré-romano, capital de conventus em época romana e de kura em época Islâmica, sede de Ducado desde fins da Idade Média, Beja é, desde há mais de 2500 anos, a principal marca da Planície Alentejana. Através de alguns dos seus mais importantes monumentos vamos ao encontro da sua história e da sua identidade tão particular.
No local possivelmente situou-se um edifício religioso na Antiguidade tardia, que provavelmente veio a ser sucedido pela Mesquita Islâmica.
Na fachada principal destaca-se a galilé em estilo manuelino-mudéjar, edificada por volta de 1500.
Na torre sineira podemos encontrar uma cabeça de touro do período romano, um sino do século XIV, e um relógio datado de 1672.
Nos inícios do século XX foi erigida no lugar da antiga capela de Nossa Senhora do Rosário a nova sede da Caixa Geral de Depósitos, da autoria do arquiteto Pardal Monteiro (1922), separando o corpo principal da igreja da torre sineira.
Interior
Em 1259 foi edificada uma igreja consagrada a Santa Maria, por iniciativa de Afonso III. Nas suas imediações realizava-se a feira, passando a designar-se a igreja e a paróquia de Santa Maria da Feira. A capela-mor apresenta cinco degraus de pedra de S. Brissos, sobre os quais assenta o altar. A configuração atual da capela deriva das intervenções efetuadas entre 1793 e 1794.
Altar de Nossa Senhora do Rosário, onde se destaca a monumental Árvore de Jessé,apresentando diversas personagens bíblicas em escala genealógica culminando na Virgem Maria com o Menino Jesus. Terá sido executado entre 1677 e 1681. Altar de Jesus, com sacrário de talha datado de cerca de 1770 e esculturas barrocas representando Santa Ana, a Virgem Maria e Santa Luzia.
Altar de Sto. António, com retábulo rocócó de talha policromada dos finais do séc. XVIII, com imagens de madeira do séc. XVII representando S. Crispim, S. Bento e S. Crispiano. No topo, são visíveis as armas reais de Portugal.
Altar de S. Miguel Arcanjo, obra barroca dos finais do séc. XVII / inícios do séc. XVIII, onde se destaca a imagem de S. Miguel em madeira policromada.
Altar do Santíssimo Sacramento, com retábulo neoclássico da época de D.Maria I. Na sua parte central, encontramos uma tela representando a Última Ceia, da autoria de Pedro Alexandrino de Carvalho.
As colunas e meias colunas cilíndricas encimadas por capiteis toscanos em granito separam as três naves da igreja. Altar de Nossa Senhora das Dores, com retábulo neo-clássico (séc. XVII-XVIII).
A Ermida de Santo André apresenta um estilo gótico-mudéjar e data do século XV ou do início do século XVI. Terá sido mandada edificar por D. Manuel I, possivelmente enquanto duque de Beja.
Segundo a tradição, terá existido um primitivo edifício mandado construir por ordem de D. Sancho I, em comemoração da tomada de Beja aos mouros no ano de 1162. Esta é, no entanto, uma data sem suporte histórico, uma vez que só em 1232, já no tempo de D. Sancho II, o burgo entrou definitivamente em posse cristã.
A ermida inscreve-se no estilo regional dos pequenos templos ameiados, com robustos contrafortes cilíndricos e coruchéus cónicos.
Pintura a fresco manuelina, representando dois anjos tenentes a sustentar o escudo de Portugal.
O templo guarda um grande capitel coríntio em mármore, que serve de pia de água benta.
AÇOUGUE
Passado
O projeto inicial, da autoria do pelo arquiteto Diogo de Torralva, foi encomendado em meados do séc. XVI pelo Infante D. Luís, Duque de Beja.
Inicialmente planeou-se erguer neste espaço uma loggia de inspiração italiana para servir de açougue municipal.
O seu impacto estético desta obra foi tão forte que o Infante D. Luís considerou ser demasiado nobre para servir como açougue, adaptando-se então o edifício a igreja da irmandade da Misericórdia local.
Assim, pretende-se agora representar virtualmente como poderia ter sido este espaço se tivesse algum dia servido para o seu propósito original.
17 de Abril de 1550
IGREJA
Presente
A Igreja da Misericórdia foi construída em meados do século XVI e é um importante edifício de arquitetura do renascimento/maneirista, de forte influência italiana, inspirada na loggia florentina.
Apesar do espaço não ter sido originalmente planeado para funções religiosas, a adaptação do edifício a igreja implicou o acrescento de uma terceira nave transversal, onde se instalou o altar-mor e o entaipamento com alvenaria dos espaços entre os arcos.
Na primeira metade do séc. XIX a igreja passa a funcionar como oficina municipal. Em 1927 é instalado na cobertura um depósito de água para abastecer a cidade.
Entre 1941 e 1944 há uma campanha de restauro e em 1946 desentaipam-se as arcadas e, no interior, desmontam-se três altares de talha e do púlpito.
Entre 1951 e 1955 é retirado o retábulo de talha do altar-mor, orçamenta-se a reconstrução do altar de talha dourada e realizam-se intervenções adicionais.
Na Praça de Armas foi identificada uma grande estrutura da Idade do Ferro e parte da fortificação romana da cidade.
O Arco Romano, ou Porta de Évora, faria parte da fortificação romana da cidade (finais séc. III / inícios séc. IV).
Os muros do Castelo estão coroados por merlões com seteiras. Internamente, estão rodeados pelo adarve que permitia a circulação dos defensores da fortaleza.
No séc. XV, D. João II mandou construir um Paço para receber o Infante D. Afonso na sua lua-de-mel. Esta será a origem da Casa do Governador.
TORRE DE
MENAGEM
A Torre de Menagem mede cerca de 40m de altura e foi mandada erguer por D. Dinis em 1310. No entanto, a sua construção foi concluída apenas no reinado de D. João I.
O segundo piso recebeu obras de beneficiação no reinado de D. Manuel I (inícios do séc. XVI), época de que datará a sua abóbada polinervada.
Os três pisos estão ligados por uma escada helicoidal em caracol com 183 degraus.
CAPELA DOS
TÚMULOS
Segundo reza a lenda, D. Dinis andaria a caçar perto do rio Guadiana, quando foi surpreendido por um urso que o atacou e o derrubou do cavalo. Aflito, o monarca terá invocado S. Luís e, com a ajuda do santo, conseguiu defender-se do urso, acabando por matá-lo. Como forma de honrar S. Luís ajuda dada, D. Dinis mandou erigir a capela.
No século XV, é criada a sala dos túmulos da que é considerada a capela gótica mais elegante do Baixo Alentejo, um dos mais interessantes testemunhos da arquitetura quatrocentista do Sul do país.
Em 1850, deu-se início às obras de adaptação do convento a quartel, onde se viria a instalar o Regimento de Infantaria nº7. Estas obras levaram à utilização e adaptação dos espaços para novas funções.Durante o período em que o convento funcionou como quartel militar, a capela serviu de barbearia, biblioteca e armazém do quartel. A recriação destas utilizações do espaço pode agora ser explorada virtualmente.
IGREJA
A 10 de novembro de 1268 foi realizada a escritura pública da constituição da comunidade de São Francisco de Beja, por iniciativa do alcaide-mor da cidade, Lopo Esteves, dando-se início ao processo de construção do convento de S. Francisco de Beja. Situado fora de portas, a sul do recinto amuralhado da cidade, no local onde se localizaram alguns dos cemitérios da cidade. Os trabalhos arqueológicos revelaram enterramentos quinhentistas no claustro do convento e uma necrópole romana no largo adjacente.
O convento foi um dos mais ricos monumentos da Ordem Franciscana em Portugal. A igreja, fruto das campanhas de obras do século XVII, apresenta uma arquitetura de nave única com dois tramos, com arcossólios nos alçados laterais e capela-mor poligonal. As obras de remodelação e ampliação não cessaram nas centúrias seguintes: reconstrói-se o refeitório e o claustro, e procedeu-se à construção de novos dormitórios.
Em 1992, deu-se início ao processo de requalificação e adaptação do edifício, obras que se prolongaram até 1994, ano em que abriu ao público como Pousada.
Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento é profanado. Alguns dos altares foram oferecidos à Santa Casa da Misericórdia que os mandou aplicar na Igreja de Nossa Senhora da Piedade.